11.29.2017

INSONIA



Os lírios estampados no lençol
se posicionam em coroa fúnebre
à última homenagem ao sono que morreu.

A insônia se ergue até o último fio da madrugada.

O canto de um sabiá matutino vem dizer bom dia
e com alegria,
anunciar que é primavera outra vez. 

10.21.2017

SIMBIOSE

            Não vim para te albergar
pois tua alma inquieta
não pedia o repouso...

Nem vieste a mim
como quem busca a taverna.
O  vinho e a noite passam...
                                                             
                                    Caminhei ao largo
                                    dos tapetes e lençóis
                                    que estenderam aos teus pés.

                                    Mesmo assim me instalei
                                    e tudo o que eu bem sei
                                    é que sou tudo o que és.

9.27.2017

ESTRELAR


Constelo-me de instantes vividos
e dou brilho aos pensamentos,
num vaguear convicto.
Meus passos concordes
saltam de ursa a ursa
e passeiam pela via láctea.
Afinal,
é este o meu infinito...

8.24.2017

UTOPIA


Venho de um lugar, onde à tardinha
os pássaros voltam, em revoada,
e o som do sino da  capelinha,
acompanha tristemente
o sol em retirada...

Venho de um lugar, onde aos domingos,
a banda retreta no coreto.
As crianças em bandos felizes
dançam ao redor com balão colorido
pipoca, algazarra e folguedo.

Venho de um lugar, onde no verão,
as cadeiras descansam na calçada
Onde, na madrugada, um violão
em serenata, acompanha o cantor,
nas juras dolentes à sua amada.

6.13.2017

INSINUANTE




Assombra-me um poema silencioso
que, (como envelope sem endereço)
vem à porta do pensamento
e implora asilo.

Insinua-se na ponta do lápis
e a palavra,
(seu devir),
vacila um pouco prosa,
um pouco rosa,
sutil e reticente
como a sarça que arde
sem se consumir.

6.03.2017

DESASSOSSEGO


Em frente à casa velha
de porta e janelas faceando a rua
um velho fumega seu palheiro.
Hospitaleiro e sem alarde,
soa na capela pacífica
o sino da tarde.

Em alguma estação distante,
à esta hora, um trem retorna
e traz o viajante
para os braços da amada.
No telhado corado
à luz da tardinha,
um sabiá arremata seu canto.

Morrem longe
o rumor alegre de fim de feira
e o murmúrio afanoso
do lavrador na aldeia.

Tudo é lida e vagar,
repouso e fadiga,
lanço de escada,
patamar...

Por que então, ó meu Deus,
não dorme nunca em meu peito,
esta alma desassossegada? 

5.25.2017

OPÇÃO


São vinte anos de metáforas...
Diáspora consciente
para redutos de quimera
onde o silêncio impera
e o culto é único
a um deus de mentira. 

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