2.15.2009

Real, real porque me abandonaste?
E, no entanto, às vezes bem preciso
de entregar nas tuas mãos o meu espírito
e que, por um momento, baste
que seja feita a tua vontade

para tudo de novo ter sentido,
não digo a vida, mas ao menos o vivido,
nomes e coisas, livre arbítrio, causalidade.
Oh, juntar os pedaços de todos os livros

e desimaginar o mundo, descriá-lo,
amarrado ao mastro mais altivo
do passado!
Mas onde encontrar um passado?

Manuel António Pina

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