11.23.2014

DESVARIO


Tinha, no corpo
o gosto de sopro
de um saxofone lirical.

Tinha no ermo do seu deserto
a sede de camelo,
saliva salobra...

Tinha na música não tocada
os tons dos anjos
e na gosma da garganta,
um enclausurado bemol.

Tinha, vez em quando,
todos os sons gargalhando liras,
juntando tolos fragmentos
como loucos tecendo sonhos...

E por tudo isso,
gaguejava palavras,
tartamudeava sílabas
e se acreditava poeta. 

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