10.09.2007

Os sinos cantando, as sombras todas se diluindo dentro da tarde.
Dentro da tarde, o teu grave pensamento de exílio.
Por que ainda esperas?
Aqui termina o caminho, aqui morre a voz, e não há mais eco nem nada.
Por que não esquecer, agora,
as imagens que tanto nos perturbaram e
que inutilmente nos conduziram
para nos deixar, de súbito, na primeira esquina?
Essa voz que vem, não sei de onde,
esses olhos que olham, não sei o quê,
esses braços que se estendem, não sei para onde...
Debalde esperarás que o oco de teus passos acorde os espaços que já não têm voz.
As almas já desertaram daqui.
E nenhum milagre te espera,
nenhum.

Emílio Moura

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