6.24.2006

Eu sabia que era véspera do dia de São João, quando ela aparecia de tesoura na mão para podar as roseiras. Colhia as derradeiras rosas do outono e levava para Nossa Senhora. Uma delicadeza de gesto que contrastava com a força ao lidar com galhos secos e espinhos, que invariavelmente lhes sangravam os dedos. Ela era tudo isso. No gesto, a suavidade de colher flores. Nas palavras a incisão, o gume de faca, a agudeza de quem sabe que amanhã é dia de sepultar os mortos.

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