6.17.2010

PARA CLARICE

Ouço o teu silêncio
e o que ouço não ouso decifrar.
Seria o mesmo que ouvir outra vez
a música que cantaste
nas noites de ternura.
Seria reviver os versos
da poesia imatura
que recitaste nas horas de amor
quando, impregnada do inevitável,
declamavas para mim.
Ouço o teu silêncio
e suplico que não aprisiones as palavras
que burilas na solidão.
Elas não te pertencem,
ainda que penses possuí-las.
Devo dizer que tuas palavras
são brisa na secura,
e eu já consigo respirar

mesmo sem ouví-las.

1 Comments:

Anonymous José Saramago said...

Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo.

12:48 AM  

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