CONTAS

Meu pai me ensinou com carinho

a guardar contas de todas as cores,

para enfileirá-las à forma de colar

ou enfeitar o caleidoscópio.

Talvez meu pai soubesse

do meu destino de poeta...

Hoje guardo palavras

e as palavras são contas

que enfeixadas formam contos.

E se por ventura, ao invés de cores,

as contas-palavras tiverem formas

eu as ajunto em poemas,

caleidoscópio que inventei

pra brincar com a saudade.