10.05.2006

Amor amado, que no vão da caixa
Te resguardas.
Como é belo completar-te assim,
Tão cheio de poeira e esquecimento.
Resguardado em linhas de cartas,
És configurado de confissões e de palavras antigas.
Frutos afoitos que já estão quietos,
Apodrecendo de tanta maturidade!
Já não possuis a ansiedade de tua mocidade.
O que tens é esta atmosfera de segredo
Que se revela aos poucos.
Cada palavra que se levanta
Deste papel empoeirado
É um osso que se junta aos poucos
Para recompor o corpo que já se foi do tempo.
O amor não morre,
Vira palavra.


Fábio de Melo

Powered by Blogger