8.23.2010

DESAMPARO

Bate outra vez esse medo
que vem misturado com a noite.
E a fé, de frágil, se esconde
entre os galhos secos da murta.

Noite e medo
feitos da mesma marca.
E essa vontade avulsa
(como a ânsia de Pedro),
de pedir ajuda,
de abandonar a barca.

8.11.2010

RUÍNAS

Ruiu a casa onde moravam
os sonhos.
O entulho acumulou-se descontrolado
sobre o jardim dos gerânios.

A erva daninha cresceu
onde era a alcova,
e nas sobras da varanda,
o gancho da rede ainda abraça
pedaços de partitura

Em um bloco de parede branca,
como em desacato,
o homem de terno preto,
sorri emoldurado,
no penso retrato

8.07.2010

PRECE

Apascenta em mim o verbo cansado.
Tira-me da liça, (areia movediça)
onde me levou a poesia.

Sabes da embriaguez e da agonia
que conduzem essa loucura.

E com doçura e paixão de arrebatar
incita-me,

com palavras de mel,
a encontrar um pouco de paz.

8.01.2010



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