7.30.2014

REMANSO



Há horas em que se estagna
 a superfície sempre agitada dos sentidos
 e o hipotético rio,
antes caudaloso,
desce as corredeiras
sem sobressalto e sem medo;
sem saudade e sem desejo.

Há quem,
com olho perspicaz,
chame a essa calmaria
de espasmo ou marasmo.
Mas, para esse remanso
que se anuncia na azáfama do dia,
dou o nome de paz. 

7.25.2014

INQUIETUDE


Descubro que o silêncio 
(aquele que ignora as palavras)
aprisiona suas lavras 
e conduz à solidão, 
não resiste quando é provocado
por agravo ou numa esquina,
com um verso ou uma rima. 

E então, esse silêncio 
sem medo ou fantasia, 
explode em poesia. 

Na companhia de Afrodite, 
se afogueia em faíscas,
deságua em chuviscos
e se desfaz em arrulhos, 
só para cantar o amor que persiste.

O silêncio é disfarce da alma
que vive na inquietude. 

7.22.2014



Estranhos e diferentes caminhos
traçam palavras e vontades. 
Poupá-las não diminui o torvelinho 
do que grita dentro. 
Na  solidão,
palavras e vontades 
não se tornam incensos
mas sim danos ao coração. 

7.12.2014

DOMINÂNCIA




O piano trancado coberto de pó,
era o porto da Barcarola de Offemback.
A terra ressequida do jardim
barrava o germinar das papoulas.
Portas e janelas detinham
dentro da casa, o escuro e o silêncio.
Lá fora, entre hibiscos,
passeava o algoz chamado Tempo
que guardava as chaves
de tudo isto.

Powered by Blogger