4.23.2012

INQUIETAÇÃO

Galopam pelo dia de sol
os cavalos negros
da noite de pesadelos.

Levam demônios
pelas patas adentro
e vão abrindo as ventas
para aspirar o tempo.

Galopam pelo dia de sol
os cavalos negros
da noite de medo.

Estéril é o intento
da paz em detê-los.
Relincham destemidos
sobre as horas de sossego.

Galopam pelo dia de sol
os cavalos de pesadelos.

4.15.2012

BUCÓLICA

A moleira sobe as escadas de pedra
e o toc-toc de seus tamancos
acorda o vento
que passa chorando
pelas velas retesadas.

As mós rangem
cisalhando o trigo,
sobrepostas tal amantes
em leito nupcial,
sem saber de seu destino,
inteiras ou lascadas
guardiãs de seu portal.

Um Portugal sereno
aos teus pés contempla.
E em algum lar
de espreita,
o silêncio fermenta o pão.

4.13.2012

VALENTINA

O batom vermelho avançava
além das comissuras dos lábios.
Nas mãos mal cuidadas
o esmalte opaco
lascava-se nos dedos lassos.

Ela se vestia de pompa
com seus luxuosos farrapos.
Depois,
dançava na praça.
Vendia-se por comida
e dava-se por cigarros aos maços.

4.06.2012



MOTIVO


Reserva pães ázimos
e ervas amargas.
Cinge teus rins,
calça tuas sandálias
e mune-te de cajado
porque,
ao som de flautas,
cítaras e gaitas,
harpas e saltérios,
vai passar o SENHOR.

Feliz Páscoa!

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