6.27.2012

SERENO
Percorro de volta pelos rastros
                     que me conduzem à infância.
Entro na casa de paredes amarelas
coberta apenas com telhas,
                                     despida de forração. 

A chuva forte em noite de ventania
derrama respingos no rosto
                                                    de menina.

Sinto medo e grito.
Aflito, meu pai e amigo
                                    acorre e diz baixinho:
           Dorme! É só o sereno,
           que veio dormir contigo!


6.15.2012

SE...

Por mais que essa dama
vestida de vermelho
se me ofereça inteira
para que eu tome suas entranhas
e desvele seus segredos...

Por mais que se mostre
hospitaleira e receptiva,
terá de mim somente a dádiva
mas nunca o gesto das mãos.
Ouvirá meu canto, mas não saberá
das notas breves e doloridas
que bailaram sobre a partitura
dessa melodia chamada vida.

Ah, senhora Poesia!
Nem imaginas com que louvor
eu penetraria na oferta das tuas palavras,
na alvura da tua doação,
se não fosses dama infiel,
extemporânea
e envolta em névoas.
Descaminho e perdição.

6.13.2012

ousadia

  
caminho pela linha retesada
                  sem olhar adiante.
importa apenas o instante
em que eu, equilibrista,
                        mudo os passos,
pé ante pé,
                        temerariamente.

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