12.18.2010

SENSÍVEL

Ficaste em mim,
não nas mãos
que não mais te sustentam,
mas nos gestos que faço.
Não nos abraços
que não mais te enlaçam,
Mas no frêmito.

Ficaste em mim,
não nos beijos,
que já não me aquecem,
mas nas palavras
que entremeiam os lábios.
Não no olhar,
(tinhas a face sempre velada),
mas na fotografia
que imprimiste na alma,
hoje esfacelada.

Ficaste em mim
e eu consigo tocar-te,
(mesmo depois da partida)
como o mutilado que toca as flores
e sente-lhes as formas e as cores
mesmo depois do membro amputado.

12.13.2010

LEMBRANÇAS

Eu gostava da palavra vinha-d´alhos,
não pelo seu significado,
que eu nem sabia,
mas por ter cheiro de sábado
e ser para mim, sinônimo de riacho.

Lembro ainda
dos meus olhos esbugalhados
quando mamãe,
vestida de avental e poesia,
dizia para a empregada:
“Maria, mergulhe o peixe
no vinha- d´alhos”.

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