5.02.2012



DESASSOSSEGO
 
Em frente à casa velha
de porta e janelas faceando a rua
um velho fumega seu palheiro.
Hospitaleiro e sem alarde,
soa na capela pacífica
o sino da tarde. 
 
Em alguma estação distante,
à esta hora, um trem retorna
e traz o viajante
para os braços da amada.
No telhado corado
à luz da tardinha,
um sabiá arremata seu canto. 
 
Morrem longe
o rumor alegre de fim de feira
e o murmúrio afanoso
do lavrador na aldeia.
 
Tudo é lida e vagar,
repouso e fadiga,
lanço de escada,
patamar...
 
Por que então, ó meu Deus,
não dorme nunca em meu peito,
esta alma desassossegada?


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