2.15.2007

Pousa num ramo um sopro de agonia
dos que morrem (sem saber)
em nosso coração.
Suspira a noite no vento vadio.
Amados mortos: tentais dizer
o quanto amais ainda?


Dora Ferreira da Silva

2.14.2007


2.12.2007

Noturno

Veleiro ao cais amarrado
em vago balouço, dorme?
Não dorme. Sonha, acordado,
que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.

Se acaso me objetardes
que veleiro não é gente
e, assim, não sonha nem sente,
sem orgulhos nem alardes

eu direi: por que haveria
de falar-vos do homem triste
mas de olhar grave e profundo
que, à amargura acorrentado
sonha, no entanto, que vive
toda a beleza do mundo?

Melhor é dizer: Veleiro...
veleiro ao cais amarrado
sob as límpidas estrelas.
Vela branca é uma alma trêmula,
sobretudo se cai sombra
do alto
abismo constelado.
Veleiro, sim, que não dorme
mas na silente penumbra
sonha, ao balouço, acordado
que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.

Tasso da Silveira

2.11.2007

Tremeluz o sol
nas águas mansas do lago.
Frêmito obtuso.

2.09.2007

Meu canto é fechado.
Eu canto pra dentro
pra alegrar a alma,
(essa moça abatumada),
que de tanto chorar poesia
e pensar fotografando,
não cabe mais dentro de mim.




Desprende-se o gesto que se cumpre aos poucos, com o qual hei de acenar-te o adeus. Ergo a mão da despedida como se empunhasse o punhal que irá desferir o golpe. Há em mim aquele instante metafísico que prende o braço. Como partir se há muito te espero? Como ficar, se o ocaso do amor se instalou e seu entardecer já se despede da luz? Ah, forma dúbia que inventei para morrer lentamente.

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