11.30.2009

Galopam pelo dia de sol
os cavalos negros
da noite de pesadelos.

Levam demônios
pelas patas adentro
e vão abrindo as ventas
para aspirar o tempo.

Galopam pelo dia de sol
os cavalos negros
da noite de medo.

Estéril é o intento
da paz em detê-los.
Relincham destemidos
sobre as horas de sossego.

Galopam pelo dia de sol
os cavalos de pesadelos.

11.25.2009

perde-se a água na água
a areia na areia.
... eu e você...
e essa maldita parede-meia.

11.24.2009

florece o flamboyant

11.21.2009

Nasci na noite
em que dissipavam vaga-lumes.
Tive por berço
a terra eivada de grilos.
Cresci como lagarta
e ninguém ouviu meus gritos,
no instante que desvencilhei de mim
para despertar ninfa.
Colori-me de azul em azul
quando alguém soletrou meu nome
com notas musicais.
Habito agora esta cela
de cimento e mofo.
Pelas grades dos temporais,
um homem de granito
me beija o rosto.

11.14.2009

Quando o ipê amarelo floresce
em rendas de fino gosto,
ao longo dos antigos trilhos,
é como se alguns bailarinos
da pintura de Matisse,
dançassem como protagonistas
desse singular balé de rua.
Dançassem sem música ou bilros,
dançassem como se ninguém pedisse.

11.11.2009

escrevo-te
pelo corpo sinto um arrepio uma vertigem
que me enche o coração de ausência pavor e saudade
teu rosto é semelhante à noite
a espantosa noite de teu rosto!


Al Berto

11.08.2009

Atravessa essa ponte
de um dia para o outro
chamada noite.

Detem-te no parapeito
a olhar o rio
de águas oníricas
que insuspeito,
convida ao recomeço.

11.04.2009

a luz
Há nas últimas palavras,
(quando de instantâneo te calas)
muito da tristeza
das aves reprimidas pelos temporais.
Como se pressentisses
algo de despedida.
Como se a música cessasse
antes dos acordes finais.

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